Vinho e Saúde: Benefícios, Consumo Moderado e Impacto na Saúde

Vinho e Saúde: Benefícios, Consumo Moderado e Impacto na Saúde

Nos últimos vinte e cinco anos, o interesse nos efeitos do vinho sobre a saúde aumentou significativamente. Nenhum outro alimento, e certamente nenhuma outra bebida alcoólica, foi objeto de tanta controvérsia. Centenas de artigos foram publicados na literatura médica sobre o tema, amplificados pela mídia, criando expectativas e, muitas vezes, confusão sobre os reais benefícios da ingestão de vinho.

O Paradoxo Francês

Na década de 1980, a Organização Mundial da Saúde conduziu um estudo epidemiológico global conhecido como projeto MONICA (Monitoring of Trends and Determinants in Cardiovascular Disease). O estudo mostrou que os franceses tinham uma menor incidência de mortes por doenças ateroscleróticas, apesar de terem uma dieta rica em gorduras. Em 1992, Renaud e de Lorgeril publicaram um artigo cunhando o termo “Paradoxo Francês”. Desde então, inúmeros estudos têm mostrado os efeitos benéficos do vinho no sistema cardiovascular e em diversos outros órgãos e sistemas.

História do Uso Terapêutico do Vinho

O uso terapêutico do vinho é documentado há mais de 4.000 anos, com o primeiro registro em um tablete sumério encontrado em 1910. No final do século XIX e início do XX, o prestígio do vinho como medicamento diminuiu devido à campanha antiálcool nos EUA e ao avanço da indústria farmacêutica. No entanto, com a introdução do método experimental por Claude Bernard, o vinho voltou a ser pesquisado, comprovando muitas de suas propriedades terapêuticas.

Consumo Moderado de Vinho

O vinho contém álcool etílico em concentrações que variam de 8% a 15%. Estudos mostram uma correlação entre o volume consumido e o risco de determinadas doenças, seguindo uma curva em forma de J. Bebedores moderados têm uma redução de eventos patológicos, como infarto do miocárdio, enquanto a ingestão de álcool acima de 4 a 5 doses diárias aumenta a morbidade e mortalidade. O Instituto Nacional do Abuso de Álcool e Alcoolismo dos EUA define uma dose como 120 ml de vinho, contendo 12,4 g de etanol.

Recomendações de Consumo

  • EUA: Uma dose para mulheres e duas doses para homens.
  • Inglaterra: 3 a 4 unidades para homens e 2 a 3 unidades para mulheres, onde uma unidade representa 125 ml de vinho com 8% de álcool ou 175 ml com 12% de álcool.

Padrão de Consumo e Saúde

Os benefícios do vinho dependem não só da quantidade consumida, mas também do padrão de consumo. O consumo diário é mais benéfico do que beber de forma concentrada nos finais de semana. Um estudo dinamarquês citado por Ellison mostrou que consumidores de 14 a 21 doses por semana, distribuídas entre cinco a sete dias, têm 50% menos chance de morrer do que os bebedores de fim de semana. Consumir vinho com refeições também parece ser mais saudável, pois reduz a concentração sanguínea de álcool e melhora a absorção de antioxidantes dos alimentos.

Na próxima edição, exploraremos os efeitos benéficos do consumo moderado de vinho sobre diferentes órgãos e sistemas.

O vinho, quando consumido com moderação, pode trazer diversos benefícios para a saúde. No entanto, é essencial entender as recomendações de consumo e o padrão de ingestão para aproveitar esses benefícios de forma segura.

Artigo por Dr. Niazi Rubez, Médico Radiologista e Membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia. Pós-Graduando em Gastronomia: Vinhos e Bebidas no Centro Universitário do SENAC – São Paulo. | Contato: [email protected]

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

− 1 = 4